Gastronomia

No geral, a nossa aldeia partilha as maravilhas da gastronomia mediterrânica, enriquecida com as necessidades e mesmo certas falhas da Beira, mais ou menos farta e tendo sempre em conta a forma de contornar as necessidades mais básicas.
Um apanhado feito hoje é, em quase tudo, igual ao de qualquer outra aldeia do interior, onde o clima e as exigências físicas, motivadas pelo trabalho árduo da terra, ditavam as regras.
Mas quando se diz quase, quer dizer que em alguma coisa se diferencia e aqui entra logo a iguaria superlativa evocada pelas queijadas de São Pedro!

Queijadas

LATICÍNIOS

O QUEIJO DA SERRA

Dentro dos lacticínios, destaca-se o facto de fazermos parte da zona nobre do queijo Serra da Estrela. O queijo de ovelha hoje é já em pouca quantidade pelo abandono do pastoreio, embora esta pouca quantidade prime pela qualidade. O frio do Natal traz as primeiras fatias que fazem as delícias dos seus apreciadores. Há também ainda quem faça o queijo de vaca, para consumo caseiro, o que contrasta com os anos 70 e 80, altura em que muitas cestas bastas cheias de queijo rumavam à feira de Trancoso e feira Nova do Mosteiro, para serem comercializadas.

O REQUEIJÃO

De referir ainda o requeijão confeccionado a partir do soro fervido, o líquido menos nobre e mais aquoso que sobrava da feitura do queijo. Hoje são iguarias muito procuradas pela sua tradição e pelo seu sabor. Quem nunca provou requeijão com doce de abóbora? Igualmente para matar algumas saudades de outros tempos, em especial o soro fervido que é a massa do requeijão antes de ser separada da parte líquida. Um petisco, servido quente, migado com pão.

ARROZ DOCE

Ainda no âmbito do leite que se produz por cá, especialmente de vaca, é o elemento indispensável para o arroz-doce. O leite em estado puro confere-lhe a cremosidade necessária para se destacar entre as sobremesas mais apreciadas e que foi passando de geração em geração ao longo dos tempos. Para quem não faz ideia de como é exigente, para ser mesmo bom, basta dizer que, para um quilo de arroz é preciso doze litros de leite.

LEITE-CREME

Esta sobremesa tinha e tem, em algumas casas e restaurantes da aldeia, um sabor tradicional, quando cozinhado à maneira antiga, leite, ovos e açúcar com a crosta torrada pelo ferro em brasa, com as farófias brancas a emoldurar a travessa.

PAPAS DE MILHO

Com o mesmo elemento base fazem-se as papas de milho, confecionadas com milho ralado e açúcar. Sobremesa muito antiga, desvalorizada até há uns anos atrás e hoje recuperada, com estatuto de sobremesa tão nobre quanto o leite-creme, este de preferência, com farófias. Havia papas de milho que eram o prato principal da refeição quando salgadas em que se introduziam chouriças carne ou de bofes e carne de porco.